por Maristela Zamoner
Parabéns Roberto Cyrino!
Ver esse registro me enche de alegria!
Lembro que registrei a espécie em 2019 (ela ainda não havia sido descrita), o que veio a ocorrer meses depois e foi no ano seguinte, 2020, que outro cientista cidadão, Aaron Soh da Singapura, que nos acompanha pelo iNaturalist participando consistentemente das identificações, sempre as justificando generosamente em favor do crescimento de toda a rede, reconheceu as características da espécie recém descrita e nos informou pela própria plataforma. Aí notamos um pouco da importância de uma estratégia de empoderamento autêntico e justo do cientista cidadão. A participação de Aaron foi decisiva, por causa dela escrevi para o descritor da espécie, Zsolt Bálint, este, um cientista profissional do Museu da Hungria. Ele respondeu prontamente, não só reconheceu a espécie como falou em rever sua distribuição. Foi realmente uma união de forças preciosa. Os detalhes estão no último capítulo do livro “Discussões sobre Fauna” que publicamos recentemente e pode ser acessado livremente (http://comfauna-livros.blogspot.com/.../discussoes-sobre...).
Acho importante você escrever para o descritor da espécie a fim de obter dele um parecer, afinal, hoje, ninguém conhece melhor a espécie do que ele, seu contemporâneo descritor!
Ainda, notamos informação valiosa que as fotografias guardam nos dois registros, em ambas o exemplar parece estar na mesma espécie vegetal. No primeiro registro a planta foi identificada como Baccharis dracunculifolia pelo corpo técnico de cientistas profissionais do Museu Botânico do Jardim Botânico de Curitiba. Podemos providenciar a confirmação da espécie vegetal do segundo registro. Há uma possibilidade de se tratar da hospedeira, não seria a primeira espécie desta família a se reproduzir nesta planta. A descoberta de oviposições e do ciclo da espécie pode trazer mais esclarecimentos, quiçá indicar estratégias de conservação tanto in situ quanto ex situ e até viabilizar o fornecimento de exemplares em excelente estado para coleções, sem retirada de adultos dos tão fragilizados ambientes naturais, ou mediante sua reposição.
Por sinal, notemos que os dois registros foram feitos em ÁREA URBANA, o primeiro em uma Unidade de Conservação ilhada por cimento, de apenas 59 mil metros quadrados, bastante impactada, porém, pesquisada em imersão, algo semelhante ao que entendi estar sendo feito por você no local do segundo registro. A segunda constatação da espécie feita por você, foi bem próxima a outra Unidade de Conservação urbana que tenta preservar um pouco do que sobrou das nossas tão ricas quanto raras áreas de campos naturais. As duas unidades de conservação estão distantes uma da outra, porém ambas dentro da cidade, o que indica que temos chance de mais encontros com esta espécie em áreas de conservação urbanas, e, com a informação da planta, temos um ponto de partida até mesmo para busca de fases jovens.
Parabéns mais uma vez Roberto, é um registro maravilhoso que enseja mais atenção ainda em campo e investimento de energias na busca do conhecimento do ciclo de vida da espécie!