Por
Deni Lineu Schwartz Filho e Maristela Zamoner
Qualquer um que se proponha a estudar a natureza, respeitando a
legislação brasileira, sabe bem que a selva mesmo é enfrentada antes e depois
de sua botina mateira tocar o templo de solo natural. São documentos e mais
documentos necessários a um estudo de impacto ambiental, um monitoramento, uma
pesquisa, uma atividade de educação ambiental ou mesmo um passeio turístico em
áreas de preservação.
Enquanto sofremos em algum banco burocrático destes Brasis cheios de homens de escritório, nossas fronteiras
testemunham um descomunal e interminável escoar da biodiversidade que não
surgiu subordinada a qualquer limite, melindre ou interesse político.
Mesmo sem voltar ao ponto inicial desta história, nos vemos mais uma
vez bem representados pelas palavras ácidas que Darwin registrou em seu diário lá
no dia 6 de abril de 1832, quando esteve neste continente cumprindo a missão de
pesquisar suas fortunas naturais:
O dia perdeu-se com a obtenção de
passaportes para minha expedição rumo ao interior. Nunca é muito agradável
submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são
tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis suas pessoas, é quase
intolerável.
Por fim, Darwin nos representa mais uma vez nos versos que fecham sua
desoladora percepção:
Contudo, a perspectiva de florestas
selvagens zeladas por lindas aves, macacos, preguiças, lagos, roedores e
aligátores fará um naturalista lamber o pó até da sola dos pés de um
brasileiro.
Saiba mais
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Darwin, Charles. O Diário do Beagle. Tradução de
Caetano Waldrigues Galindo. Editora UFPR. Curitiba. 2006.