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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O dia perdeu-se com...  a insolência de homens de escritório...


Por Deni Lineu Schwartz Filho e Maristela Zamoner




Qualquer um que se proponha a estudar a natureza, respeitando a legislação brasileira, sabe bem que a selva mesmo é enfrentada antes e depois de sua botina mateira tocar o templo de solo natural. São documentos e mais documentos necessários a um estudo de impacto ambiental, um monitoramento, uma pesquisa, uma atividade de educação ambiental ou mesmo um passeio turístico em áreas de preservação.

Enquanto sofremos em algum banco burocrático destes Brasis cheios de homens de escritório, nossas fronteiras testemunham um descomunal e interminável escoar da biodiversidade que não surgiu subordinada a qualquer limite, melindre ou interesse político.

Mesmo sem voltar ao ponto inicial desta história, nos vemos mais uma vez bem representados pelas palavras ácidas que Darwin registrou em seu diário lá no dia 6 de abril de 1832, quando esteve neste continente cumprindo a missão de pesquisar suas fortunas naturais:

O dia perdeu-se com a obtenção de passaportes para minha expedição rumo ao interior. Nunca é muito agradável submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis suas pessoas, é quase intolerável.

E isto prossegue no tempo com suas marcas, lembremos da figura corrupta e ineficiente de Maria Candelária, retrato do funcionário público que fez sucesso 110 anos mais tarde, em 1952. Ainda hoje as Candelárias ocupam muitas cadeiras do serviço público. E os templos corporativistas que institucionalizaram o saber não ficam de fora.

Por fim, Darwin nos representa mais uma vez nos versos que fecham sua desoladora percepção:

Contudo, a perspectiva de florestas selvagens zeladas por lindas aves, macacos, preguiças, lagos, roedores e aligátores fará um naturalista lamber o pó até da sola dos pés de um brasileiro.



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·         Darwin, Charles. O Diário do Beagle. Tradução de Caetano Waldrigues Galindo. Editora UFPR. Curitiba. 2006.


terça-feira, 10 de outubro de 2017

FILME: O Desafio de Darwin 

Ficha
Nome original: Darwin´s Darkest Hour
Duração: 104 minutos
Estreia: 2009
Elenco principal: Henry Ian Cusick, Frances O´Connor, Nigel Bennett, Richard Donat

Opinião
Filme interessante, mostra questões importantes da vida de Darwin antes da publicação de sua grande obra, A Origem das Espécies. São tematizados pontos relevantes de sua vida. Por exemplo, seu dilema ético na relação com Wallace, tópicos de sua viagem no Beagle, de seus pensamentos, experimentos e também algo de sua vivência em ambientes acadêmicos nos quais o fio condutor era definido por um cuidado moral admirável, que hoje parece ter desaparecido. Um pouco da relação de Darwin com seu pai, seu tio, sua esposa e filhos também é retratada.
Como filme, tem algumas caracterizações limitadas, mas traz conteúdos com respaldo histórico significativo, sempre válido para quem aprecia conhecimentos no âmbito da História Natural. E para o leigo o filme pode trazer um primeiro contato positivo com a história de Darwin.

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O Desafio de Darwin
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sábado, 7 de outubro de 2017

Crimes monstruosos... sem punição...


Por Deni Lineu Schwartz Filho e Maristela Zamoner

Assistimos grandes figuras brasileiras envolvidas em crimes que a cada dia parecem mais insanos. Crimes de todos os tamanhos, que não se restringem a uma ou outra bandeira. Crimes cometidos por quem se sente imune à punição.

35 anos de impunidade*
Podíamos desenterrar muitas histórias para lembrar a tradição brasileira de uma justiça desfeita pelos poderes que nós legitimamos. Darwin, por exemplo, registrou parte deste triste legado.

Era 3 de julho de 1832. O naturalista que estava no Brasil, sentindo um profundo descontentamento diante da percepção de uma impunidade triunfante, registrou em seu diário:

Fui à cidade. Ao desembarcar, encontrei a praça do palácio coberta de pessoas em torno da casa de dois cambistas que foram mortos ontem a noite de uma forma mais atroz do que o normal. É algo aterrador ouvir os crimes monstruosos que se cometem diariamente e escapam sem punição.

Até quanto sustentaremos o rótulo da impunidade?


Curiosidade, saiba mais: Ronald Biggs, o ladrão que escapou da Justiça por 35 anos

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

FILME: Fazenda dos Cisnes

Ficha
Nome original: Away & Back
Duração: 96 minutos
Estreia: 2015
Elenco principal: Connor Paton, Jaren Lewison, Jason Lee, Maggie Elizabeth Jones, Minka Kelly

Opinião
É um filme excelente para ver com a família. As paisagens são encantadoras. A história é de uma família composta pelo pai e três filhos, uma menina e dois meninos cuja mãe faleceu de câncer há dois anos. Eles moram em uma fazenda e certo dia as crianças percebem a chegada de um casal de cisnes trombeteiros que muda toda a dinâmica da família para sempre. Durante a história se desenrola uma trama na qual a fêmea do casal de cisnes morre, as crianças resgatam seus ovos e acabam acionando uma ornitóloga que trabalha com a preservação e a reintrodução da espécie. Aí vem a parte interessante para quem se interessa pelo conhecimento mais especializado. Boa parte da técnica de reintrodução da espécie é mostrada com certa fidedignidade no filme. Vale a pena ver!
Sobre o cisne-trombeteiro, Cygnus buccinator, é uma espécie de aves grandes cuja envergadura pode atingir 3 metros de comprimento que levam a voo seus cerca de 12kg de peso. De plumagem branca, bico e patas negros quando adultos passam por uma coloração do corpo acinzentada na juventude. Alimentam-se de plantas aquáticas, grãos, insetos e outros artrópodos. A espécie foi descrita em 1832 e seu estado de conservação atual é pouco preocupante. No Brasil esta espécie está na coleção do Criadouro de Aves Poços de Caldas.

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Criadouro de Aves Poços de Caldas

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